Era 5 de janeiro de 2000. O verão paulistano, com seus 20°C, parecia suave diante do calor da torcida corintiana que esteve no Estádio do Morumbi. Vinte e três mil pessoas, testemunhavam a estreia do Corinthians no Mundial de 2000. O adversário, o Raja Casablanca, vinha de longe, era o atual campeão da CAF, maior titulo do Continente Africano, mas a expectativa era toda voltada para o Corinthians, que carregava nas costas o orgulho de ser o campeão brasileiro de 1998, que deu a vaga para representar o Brasil no Mundial, mas também era o atual campeão brasileiro de 99
Com a narração de Luciano do Valle, voz marcante e envolvente, guiava os espectadores. Ele era a trilha sonora perfeita para um jogo que prometia ser histórico. Na beirada do campo, Osvaldo Pascoal capturava os detalhes que só os olhos treinados de um repórter experiente conseguiam enxergar. E lá estava também Craque Neto, que agora vestia a camisa de comentarista, dissecando cada lance com a precisão de quem já viveu aquilo dentro das quatro linhas.
O jogo começou com o Corinthians mostrando sua força. Nos primeiros minutos, Edilson virou uma bicicleta, mas que passou longe do gol, e Marcelinho, mesmo com dores na panturrilha, tentou o mesmo aos 7 minutos, este com mais perigo ao gol de Mustapha Chadili. A dupla de zaga inédita, João Carlos e Fábio Luciano, estreava juntos, e o desafio era grande: manter a solidez defensiva enquanto se adaptavam um ao outro. O Timão começou bem, mas o cansaço de uma temporada exaustiva e as férias curtas logo começaram a aparecer. Apesar disso, o time criou chances. Aos 39 minutos, Edilson desperdiçou uma oportunidade clara, e, no fim do primeiro tempo, um pênalti não marcado pelo árbitro italiano Stefano Braschi deixou a torcida do Morumbi indignada. Era um lance que, nos dias de hoje, certamente seria revisto pelo VAR.
O segundo tempo começou como o primeiro: com o Corinthians pressionando. Aos 4 minutos, Luisão, o matador da pequena área, abriu o placar após um cruzamento preciso de Marcelinho. A torcida explodiu, mas a polêmica estava por vir.

Aos 19 minutos, Fábio Luciano “marcou” um gol que nunca entrou. O bandeirinha não se moveu, mas o juiz validou. Luciano do Valle, visionário, já falava sobre a necessidade de um recurso eletrônico para revisar lances como aquele. O VAR, hoje tão presente, ainda era um sonho distante. Corinthians 2×0.
Marcelinho, mesmo não estando em seu melhor estado físico, não gostou de ser substituído. Oswaldo de Oliveira, o técnico, ouviu a torcida gritar “Burro, burro”, mas o time segurou o resultado. Dida, seguro como sempre. Índio, o lateral direito, jogou muito, tanto na defesa quanto no ataque, com coberturas precisas e um ótimo passe para Marcelinho no gol de Luisão. Rincón, clássico, dominou o meio-campo. Já Vampeta, infelizmente, teve um dia para esquecer.
O jogo terminou 2×0, mas o placar não refletiu todas as nuances da partida. Foi uma vitória sofrida, com erros e acertos, polêmicas e momentos de brilho. O Corinthians começava sua jornada no Mundial com um triunfo, mas sabia que ainda havia muito a melhorar.
Essa foi a Estreia do Corinthians no Mundial de 2000.
Estou revendo os jogos com uma perspectiva mais analista do jogo, mais tática e trarei mais Crônicas sobre outras partidas.
Vai Corinthians!